O fenômeno Jaqueline Amorim

Portal Tabatinga

Não é novidade que o Amazonas é um verdadeiro celeiro de craques nas artes marciais mistas, com diversos nomes no decorrer da história despontando na maior organização de MMA do mundo. E chegando para abalar a categoria peso-palha (até 52kg) do UFC, Jaqueline Amorim, de 27 anos, faz sua estreia contra a americana Sam Hughes, no card preliminar do UFC 287, a partir das 18h (horário de Manaus), em Miami, nos Estados Unidos. 

Jaqueline ostenta uma sequência poderosa no MMA, em seis lutas disputadas, a amazonense venceu todas as suas adversárias. Em todos os duelos, ela venceu no 1º round e soma 10 minutos e 17 segundos dentro do octógono. Neste recorte, Amorim faturou o título da categoria peso-palha do Legacy Fighting Alliance (LFA), quando bateu a americana Loveth Young e defendeu o cinturão uma vez, quando venceu Ashley Nichols. 

Em entrevista exclusiva para o CRAQUE, a amazonense ex-moradora da Compensa – bairro localizado na zona-Oeste – falou sobre sua história na luta, a influência do pai no jiu-jitsu e nos primeiros contatos com o MMA. 

“Antes de eu nascer, o meu pai já treinava, então a partir daí, eu fui pegando essa influência e ele me colocou para dar os meus primeiros passos na modalidade, treinando em um projeto social. Para você ter uma ideia, eu era uma das únicas meninas, treinava no meio dos meninos, pois o jiu-jitsu feminino era muito menor do que é hoje, mas mesmo com todas as dificuldades, esse processo foi muito importante para o que eu sou hoje, até no primeiro contato com o MMA, quando víamos vídeos do PRIDE nas lutas do Royce Gracie”, afirmou a lutadora amazonense. 

Jaqueline conta que a ‘fagulha’ para entrar no MMA um dia chegou quando ainda tinha 17 anos e disputava competições de jiu-jitsu. Porém, os planos de Amorim eram claros: conquistar o que gostaria na arte suave para depois migrar para as artes marciais mistas. O tão sonhado título mundial veio, conquistada a nível sul-americano também, mas foi apenas sete anos depois, quando a pandemia chegou e os eventos de jiu-jitsu paralisaram, que a grappling finalmente acelerou seu processo de transição ao MMA.

Ida ao LFA e título 

Após mostrar todo o seu talento no Mr. Cage e no Mega Fight Champions, Jaqueline fez sua estreia no Legacy Fighting Alliance (LFA) em março de 2021, contra a americana Taisha Gandy, vencendo em 33 segundos com um mata leão no 1º round. Em seguida, quase quatro meses depois, foi a vez de Megan Owen sucumbir a força da lutadora amazonense, com um nocaute fulminante aos 10 segundos de luta. Como já citado, depois a lutadora da American Top Team faturou o cinturão contra Loveth Young e defendeu vencendo Ashley Nichols.

“Isso já é algo que estou vivendo desde os meus  seis anos, é uma vida toda até eu ter a oportunidade de conquistar este momento, não foi só esses dois, três anos, então mesmo parecendo que foi algo rápido, mas quem está aqui sabe que foi um processo longo, desde a minha carreira no jiu-jitsu, os eventos que lutei, não cai de paraquedas aqui, treinei muito duro para chegar até aqui”, frisou Amorim.

Treino de striker

Sendo uma grappling natural, um dos trabalhos que Jaqueline e sua equipe estão desenvolvendo na American Top Team é aperfeiçoar o seu jogo em pé. 

“Quando eu cheguei na American Top Team eu senti que eu era só uma grappling mesmo, não tinha tanto striker e logo queria derrubar. Mas aí fizemos um trabalho muito bom para aprimorar meu jogo em pé, para complementar com o meu lado forte, sei que tinha de melhorar muito ali para evoluir, mas fiz de uma forma para adaptar tudo naquilo onde sou forte, então tudo está sendo feito da melhor maneira, para eu aguentar bem quando a luta tiver em pé, tenho certeza de que neste quesito estamos melhorando bastante”, explicou a lutadora baré.

Estreia no UFC

Sobre sua adversária, Sam Hughes tem um cartel negativo dentro do UFC, com duas vitórias e quatro derrotas. Em 2022, a lutadora americana fez três lutas, vencendo duas vezes e perdendo sua última luta, quando Piera Rodriguez impediu seu triunfo seguido dentro da organização. Sobre a forma que pretende finalizar a luta, Jaqueline foi direta na resposta. 

“Quero chegar lá e finalizar no primeiro round, mas sei que o importante é a vitória, eu estou preparada para tudo, se for para lutar três rounds, vai ser três rounds, mas o meu objetivo é chegar lá e finalizar, vou em busca disso, quero terminar a luta, sei que ela é uma lutadora experiente, não vai ser algo fácil, tenho que fazer tudo na calma e na técnica” destacou a amazonense.

Recado para a categoria

Em uma categoria onde as duas mulheres a serem batidas atualmente são strikers do mais alto nível da cadeia alimentar, com a campeã chinesa Zhang Weili e a americana Rose Namajunas (nº2 do ranking), Jaqueline afirmou que o seu objetivo é respeitar cada fase dentro da organização, mas que a meta é conquistar o cinturão até 52kg. 

“Meu objetivo hoje é fazer uma boa estreia. Quero treinar bastante para um dia disputar o cinturão, ser campeã e respeitar todo o processo necessário para chegar nesse objetivo. Minha meta é fazer boas performances primeiro, crescer como atleta para chegar aonde almejo”, concluiu.

Fonte: https://www.acritica.com/esportes/o-fenomeno-jaqueline-amorim-1.300795
Foto: Divulgação