Os colombianos foram às urnas neste domingo, 19, e escolheram Gustavo Petro como seu novo presidente. Em uma disputa acirrada, o esquerdista obteve 50,49% dos votos e venceu o adversário, Rodolfo Hernández, empresário que chegou ao segundo turno com um discurso antipolítica e ficou com 47,27%. Com a conquista, o ex-guerrilheiro consegue um feito inédito na história da Colômbia: levar a esquerda tradicional ao poder. O candidato vitorioso teve como bandeiras em sua campanha recuperar a economia do país e combater os paramilitares e forças armadas não estaduais. “É uma virada interessante para observarmos como setores empresariais vão se portar, já que eles sempre estiveram junto à direita. Esse é um cenário totalmente novo”, destaca Arthur Murta, professor de relações internacionais da PUC.
Segundo os especialistas, Petro terá um considerável desafio pela frente, já que a Colômbia enfrenta uma crise política, um processo de desaceleração econômica e um alto índice de desemprego e pobreza. Para Eduardo Fayet, professor de relações internacionais e governamentais do Mackenzie, o esquerdista vai precisar gerar renda e emprego para a população. Murta afirma que o sucessor de Iván Duque Márquez “precisará costurar o tecido social político colombiano, que está rompido”. Ricardo Leães, da ESPM, aponta um terceiro ponto crucial: “Colocar fim em um conflito de muitas e muita décadas”. É urgente, na visão do especialista, que a Colômbia consiga que os “grupos paramilitares e guerrilheiros deponham suas armas, e o país alcance uma certa normalidade”.
A vitória de Petro poderá surtir efeitos por aqui, “visto que o resultado da eleição interfere diretamente nas relações bilaterais”, aponta Leães. Segundo ele, se Jair Bolsonaro for reeleito em outubro, haverá uma dificuldade nas negociações. Se Lula for o vitorioso, “será possível imaginar um realinhamento de interesse”. O especialista da PUC Tomaz Paoliello afirma que Colômbia deve ser o país vizinho mais afetado pelo pleito brasileiro, pois “precisa do Brasil”. Eduardo Fayet lista algumas linhas de ação que podem ser estabelecidas com a vitória do esquerdista: a valorização da cultura e turismo, agricultura familiar e tecnologias do agronegócio; construção de políticas de solidariedade internacional e de integração latino-americana; avanço na consolidação de direitos e garantias fundamentais — o que refletirá profundamente na conformação política e geopolítica de todo o continente latino americano; e o desenvolvimento das relações internacionais baseadas no multilateralismo e na integração solidária entre os países da América Latina.
Fonte: Jovem Pan