Índice de casos da sífilis tem alta de 14% em relação a 2018 no Amazonas

Camila Bonfim

Homens com idade entre 20 e 24 anos e mulheres gestantes na mesma faixa etária lideram o ranking de pacientes infectados por sífilis no Amazonas, de acordo com a gerência de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e Aids da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).

Até julho deste ano, foram notificados 737 casos no Estado, aumento de 14,8% para o mesmo período de 2018 (4.585 casos no total). Em 2017, foram registrados 7.851 casos. A falta de cuidados básicos com a saúde, o que envolve desde o uso de camisinhas até a realização de exames sorológicos que, se realizados precocemente, colaboram para a eficácia do tratamento, é o principal motivo da alta incidência da sífilis na população masculina.

“A mulher tem o costume de se cuidar e fazer exames. Precisamos reforçar o acesso às populações mais expostas. A testagem deve fazer parte da rotina de exames da população”, ressalta a enfermeira Evelyn César Campelo, coordenadora de IST/Aids e Hepatites da FMT-HVD.

“Não é difícil tratar, mas não estamos conseguindo promover a prevenção. É necessário melhorar o diálogo sobre educação sexual no Ensino Médio. O jovem desinformado acaba se expondo e disseminando a doença”, acrescenta.

Os primeiros sinais surgem cerca de dez dias após a infecção, com lesões, geralmente localizada nos órgãos genitais, que podem passar despercebidas. A bactéria continua se desenvolvendo no organismo, e os sintomas aparecem entre seis meses a um ano após o contato.

No caso das mulheres, a doença é mais difícil de ser diagnosticada devido à anatomia. Caso não seja tratada, a sífilis congênita (forma transmitida durante a gestação ou parto e um dos principais problemas de saúde pública do país) pode afetar a formação neurológica e óssea do bebê, além de provocar alterações cardiovasculares.

“O paciente pode sofrer uma hemorragia subaracnoide, uma forma de acidente vascular cerebral”, acrescenta a infectologista Dessana Chehuan, gerente do IST/Aids da FMT-HVD.

Hoje, o setor promove uma série de atividades em alusão do Dia de Combate à Sífilis. Com orientações sobre prevenção às infecções sexualmente transmissíveis, realização de testes rápidos e distribuição de preservativos, a programação acontece no Ambulatório de Dermatologia da fundação, localizada na avenida Pedro Teixeira, s/n, bairro Dom Pedro.

Os testes serão oferecidos em sistema de livre demanda, e basta apresentar documento com foto para participar. Por meio de uma gota de sangue, o resultado é conhecido em menos de trinta minutos.

“O tratamento é disponibilizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), com medicação acessível. Dependendo do nível de evolução da doença, uma dose do remédio (penicilina G benzatina) é suficiente para a cura”, diz Campelo.

Camisinha é a melhor prevenção

Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento da sífilis é feito com a penicilina benzatina (benzetacil), que poderá ser aplicada na unidade básica de saúde mais próxima. Esta é, até o momento, a principal e mais eficaz forma de combater a bactéria causadora da doença.

Quando a sífilis é detectada na gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, também com a penicilina benzatina. Este é o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical, ou seja, de passar a doença para o bebê.

As taxas de incidência de sífilis congênita e de detecção de sífilis em gestante por mil nascidos vivos aumentaram cerca de três vezes entre 2010 e 2016, no Brasil, passando de 2,4 para 6,8 e de 3,5 para 12,4 casos por mil nascidos vivos, respectivamente.

O MS orienta que o uso correto e regular da camisinha feminina e/ou masculina é a medida mais importante de prevenção da sífilis, por se tratar de uma IST. O acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal de qualidade contribui para o controle da sífilis congênita.

Fonte: D24am