Instituições do Amazonas investem em projetos de tecnologia assistiva

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Um projeto desenvolvido pela Ufam busca desenvolver um software, direcionado ao público infantil. (Foto: CIÊNCIAemPAUTA, por Laize Minelli)

Preparar listas de compras, ir ao supermercado, pegar o carrinho e escolher os produtos, o que parece ser uma atividade comum e rotineira para algumas pessoas, para quem tem autismo é uma dificuldade. Em muitos casos, sair de casa é um obstáculo a ser vencido.

Entretanto, com as pesquisas, essa dificuldade começa a ser superada no Amazonas. Um projeto desenvolvido pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) busca desenvolver um software, direcionado ao público infantil, que desenvolva determinadas habilidades nos autistas, ajudando-os a superar as dificuldades de interação e socialização.

A pesquisadora responsável pelo projeto, doutora Helena Chaves, atuante na área de Ciência da Computação, com ênfase em Inteligência Artificial, Engenharia de Software, explicou que o mecanismo funciona da seguinte maneira: cada criança recebe um “avatar” que simula ambientes do cotidiano real. A ideia é que ela se acostume com tal ambiente para quando se encontrar em momentos semelhantes, a criança saiba como reagir, por exemplo, ir ao supermercado ou ao parque de diversões.

“O software pode ser usado por qualquer criança, todavia, para o autista é especial, pois atividades consideradas comuns, para uma criança com autismo são desafios a serem superados”, comentou Chaves.

Segundo a pesquisadora, o projeto está sendo desenvolvido com recursos do edital “Viver Melhor/Pró-Assistir” da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) em parceria com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI-AM) e Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Seped). São R$ 178 mil para o desenvolvimento da pesquisa. “Tentamos outros editais, mas por problemas burocráticos não obtivemos êxito, então resolvemos nos preparar e esperar o Viver Melhor”, contou

O software é como um game no qual a criança pode praticar aulas de violino . (Foto: CIÊNCIAemPAUTA/ Laize Minelli)

MÚSICA PARA AUTISTAS

Outro projeto de software direcionado aos autistas é do aluno do grupo Sistemas Inteligentes da Ufam, David Lima. O estudante, com a ajuda de professores de música do grupo Mãos Unidas Pelo Autismo (Mupa), decidiu investir em um sistema colaborativo de imersão musical que ajuda a aumentar a interação nas aulas.

O software é como um game no qual a criança pode praticar aulas de violino em grupo e aprender com um tutorial ou tocar livremente quando atingir um nível mais elevado.

O projeto recebeu cerca de R$ 145 mil para elaboração e esta em estagio inicial com a criação do cenário de musicalização. Na primeira versão, será concebida apenas com um instrumento (o violino), porém David já adianta que investirá numa versão para tablet que deverá ficar pronta ainda este ano, antes da versão para desktop.

ENTENDA MAIS SOBRE O AUTISMO

O autismo é uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização e de comportamento. Esta desordem faz parte de um grupo de síndromes chamada transtorno global do desenvolvimento (TGD), também conhecido como transtorno invasivo do desenvolvimento (TID).

Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam sérios problemas no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a rígidos e restritos padrões de comportamento. Atualmente há a possibilidade de detectar a síndrome antes dos dois anos de idade.

PROGRAMA VIVER MELHOR/PRÓ-ASSISTIR ESTIMULA PROJETOS ASSISTIVOS

É um programa financiado pela Fapeam, em parceria com a SECTI-AM e a Seped, com o objetivo de estimular a participação de pesquisadores vinculados a instituições e inventores (empreendedores, estudantes de Ensino Médio e graduação, graduados, especialistas, desenvolvedores independentes e pesquisadores sem vínculos institucionais), na produção de projetos de inovação voltados ao desenvolvimento de produtos assistivos que possam contribuir para dar mais autonomia, independência e qualidade de vida às pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida.


Tatiana Lima da Silva

Chefe do Departamento de Comunicação Científica (DEC)

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